terça-feira, 13 de agosto de 2013

(Re)Começar

Por Mik

   Fazem 6 meses que parti.
   
   Várias foram as vezes as quais ensaiei (re)começar a escrever... 
   Várias foram as vezes as quais apaguei o que escrevi...
   Várias foram as vezes as quais parti.

  Se esse não fosse um blog, mas sim uma das folhas da nossa antiga agenda, aquela na qual colávamos o papel do chocolate que mais gostávamos, a embalagem da bala que havíamos ganhado da melhor amiga ou uma pétala da flor que aquele paquera nos deu.... essa folha estaria quase rasgada de tantas vezes que eu teria passado a borracha tentando apagar aquilo que eu esperava esquecer. 

    Dia 04 de agosto fez 6 meses que sai de Mumbai.
   Digo... Sai da Índia, mas sei que ela não saiu de mim, e não sei dizer se quero que ela saia.

   Acredito que nada acontece por acaso. A minha crença me diz isso e o meu dia a dia só vem me confirmar.

   Hoje percebo que faço parte daquilo que eu esperava esquecer. Então muitas questões surgem, e uma delas é... mas como esquecer o que eu sou, quando esse - eu sou - me constitui?

   Ontem a Índia, sem pudores, me mostrou quem eu realmente era. 
   Ontem a Índia me fez olhar no espelho e ver para além das minhas entranhas.

  Chegamos na Índia cheios de ilusões, e fomos quebrando uma a uma no dia a dia daquela realidade.

  Hoje nos perguntaram... 
  Não existiu nenhum tipo de preparo, cultural, antes de vocês chegarem na cidade?
   
     ...

  Queria escrever um post de adeus, com lindas reflexões. Dizer o quanto estou feliz de estar longe de lá e que jamais irei voltar para o lugar onde tanto... aprendi.

   Entretando, sinto que ainda não é a hora do contudo. Sei que ainda tenho muito para refletir.
   Então para que dizer... adeus?!? 

   Já dizia Noel Rosa... "Adeus é bem triste, que não se resiste. Ninguém jamais com adeus, pode viver em paz."
    
   Agora eu digo... Não sei se volto... 
  "Talvez eu volte
    Um dia eu volto
    Quem sabe!" 

  Bem, aos que viveram/conheceram nossa história pré, durante e pós Índia...
  Afirmo...

  Preciso abrir espaço para novos aprendizados. 
  Preciso saber deixar levar. 
  Preciso saber a hora de dizer... "Stopped Saying Hurry up"*
  Acredito estar no caminho.
  
  E para a Índia, hoje, por tudo o que (sobre)vivi, digo...
  
  Obrigada, Índia! 
  Obrigada por me ensinar o que não fazer.
  Obrigada por me mostrar um caminho a seguir.
  Obrigada por me ensinar algumas verdades.
  Obrigada por me fazer entender o que é Fé.
  Obrigada por me mostrar a importância do amor.
  Obrigada por me ensinar a (re)começar.
  

Namaste.


*Texto de Rachel Macy Stafford, uma professora de educação especial.



   

10 comentários:

  1. Amei!!!!! Nem sei o que dizer.... pude sentir um pouquinho da sua emoção daqui! Recomecemos né?!

    Só fazendo um breve comentário com relação à pergunta que fizeram para vocês se não haveria um "treinamento" para enfrentar a Índia ou qualquer outro lugar para o qual se mudem... acho que nunca estamos ou estaremos preparados. Além disso, cada um reage e é tocato pelas diferentes realidades de uma forma. Como prever o que irá encontrar? Acho que não tem fórmula. Creio que o mais importante seja o que você mesma disse "Saber levar"....

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  2. Foi um parto mesmo escrever esse texto, imagino eu... Por ter sido uma vivência muito forte, imagino que precisa um tempo pra processar... Mas é muito bonito compartilhar estes momentos de crescimento! Um abraço bem forte!!!

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    1. Compartilhar, faz bem.
      Tranquiliza a alma... =)
      Te AMO!!

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  3. Minha Caríssima Miki... Meu Cumpadi Jhonson!

    Amprendí da pior forma, que: "O IMPORTANTE É O QUE FICA QUANDO TUDO ACABA". Quem me disse isto, não tem noção das implicações que esta máxima teve em minha vida!

    Não dá para abstrair o volume de aprendizados e reflexões que vocês vivenciaram, mas dá pra ter certeza de uma coisa: vocês são melhores hoje!

    Sinto muito a vossa falta, em especial, a falta do toque, do abraço, até porque o tempo agente aprende a transpor, posto que é relativo, não o espaço (bem científica esta definição, rs).

    Outra boa reflexão que tive por estes dias é a seguinte: O QUE É O PASSADO SENÃO O PRATO QUE NOS SERVE O PRESENTE!?

    Sou só elogios à raça, ao companheirismo e à simplicidade que vocês representam para mim.

    BEIJOS.

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  4. Mik, querida!
    Nada como uma experiência como essa para nos fortalecer e mostrar boa parte do que trabalhamos e que ainda temos que trabalhar.
    Adorei o texto e a sua experiência. Tenho certeza que hoje você é uma pessoa bem mais preparada para vida.
    Sucesso e muito amor no coração.
    Beijo grande,
    Oreste

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  5. Flor, que texto lindo.
    Ele mostra como a Índia te deixou melhor, maior, mais linda, apesar do caminho torto.

    Sabe, tenho aprendido muito também nos últimos tempos e uma das maiores lições é de que não temos controle sobre a vida. Melhor mesmo é deixar o vento bater no rosto e seguir.
    Muitas vezes a melhor maneira de se preparar para algo é não se preparar, pois percebo que a maior parte dos sentimentos ruins estão relacionados à frustração de nossas expectativas.
    Foda, mas real.

    A vida é curta. Temos de vivê-la da maneira mais leve possível, sempre que der.

    Saudade de conversar com você, quando vocês vem?

    Enfim, axé pra vocês. Espero que os novos ares tragam aprendizados muito especiais também.

    Beijos

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